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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Onde a biodiversidade está mais ameaçada no planeta?

Conheça os 10 pontos mais críticos, onde pelo menos 90% da natureza foi devastada


Paulo Gama*



*Ilustração de Andrei Cardoso, design de Fábio Otubo
Considerando a porcentagem de vegetação original destruída, a bacia do mar Mediterrâneo é a região mais agonizante do planeta: apenas 4,7% da área original segue intacta e 32 espécies de animais endêmicas (que só existem no próprio lugar) estão ameaçadas de extinção. Mas neste ranking ingrato há outras nove regiões com mais de 90% do território original destruído (
veja o infográfico).
Elas fazem partede uma lista de 34 regiões definidas por organizações ambientais como as mais importantes para a conservação da biodiversidade mundial. São os hotspots: locais que possuem ao menos 1 500 espécies de plantas endêmicas e já perderam 70% ou mais de suas áreas originais. Juntas, as 34 regiões ocupam menos de 3% da superfície do planeta, mas concentram 50% de todas as espécies vegetais e 42% de todos os vertebrados da Terra.
"Você acaba com a força de evolução do planeta quando interrompe de maneira tão abrupta a existência dessas regiões riquíssimas", afirma a bióloga Monica Fonseca, da ONG Conservation International do Brasil. Duas dessas regiões estão no Brasil: a mata Atlântica, com 8% da cobertura original, e o cerrado, com 20%.

Biodiversidade em extinção

Fonte: O Globo, Ciência, p. 36


Desmatamento faz 26 espécies da Amazônia desaparecerem e ameaça outras 644

Catarina Alencastro

Mais desmatamento, menos biodiversidade. De acordo com um relatório divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 26 espécies de animais e plantas já foram extintas por causa dos cortes na Floresta Amazônica acumulados até 2006. No mesmo período, outras 644 espécies entraram na lista de animais e plantas ameaçados de extinção. Das 26 espécies extintas, dez estão na parte brasileira da floresta. Entre as espécies ameaçadas estão o macaco-aranha (Ateles belzebuth), o urso-de-óculos (Tremarctos ornatus) e a lontra (Luta longicaudis)
ONU pede mais sustentabilidade
O relatório Geo Amazônia aponta que, até 2005, 17% da Amazônia tinham virado cinzas. Entre as causas do desmatamento, o estudo indica a expansão da monocultura de soja e a produção intensiva de gado, especialmente na Bolívia e no Brasil, onde essas atividades representam 20% do PIB da região e empregam 30% da população economicamente ativa.

Rondônia, um dos estados campeões do desmatamento, já perdeu de 10% a 50% da cobertura florestal original, diz o texto, completando que Belém (PA) atualmente tem menos de um terço da cobertura original. Se continuar assim, alerta, até o final deste século o aquecimento global vai converter até 60% da Amazônia em savana. A extensão total de floresta desmatada historicamente até 2005 foi de 857.666 km².

Segundo o relatório, entre o ano 2000 e 2005, a Amazônia perdeu anualmente 27.151 km².

Uma das críticas aos governos dos oito países amazônicos é a falta de continuidade de políticas públicas. O estudo admite que, nos últimos anos, começaram a aumentar as áreas de exploração sustentável da floresta.

No entanto, afirma o texto, essas iniciativas não competem com atividades agropecuárias não sustentáveis em expansão. A urbanização da região também aconteceu de forma desordenada, constata o Pnuma: 62,8% vivem em grandes cidades.

O relatório Geo Amazônia previu quatro diferentes cenários para a região daqui a 20 anos. Em apenas um caso, intitulado "Amazônia Emergente", políticas públicas terão sido implementadas levando em conta o fator ambiental e o bem-estar econômico da população. Um outro fala na Amazônia "a um passo do precipício", o terceiro é o "Inferno ex-verde" e o último a "Amazônia vazia".

Carlos Minc afirmou:
- Eu apostaria no cenário da Amazônia sustentável. Estamos indo nesse caminho.

O Globo, 19/02/2009, Ciência, p. 36

Ações sustentáveis valorizam imagem de empresas

A inclusão de estratégias que valorizem o meio ambiente deve ser prioridade entre as organizações do país
 
Valorizar, preservar e incentivar o consumo sustentável tem sido prática corrente nas empresas brasileiras. Se antes, priorizar o que é sustentável era visto como um modismo passageiro, hoje é uma realidade urgente, pois, além de preservar os recursos naturais, há um reconhecimento positivo da marca por parte do consumidor, despertando simpatia pelo produto. O cliente associa as ações de meio ambiente ao comportamento das marcas.
Tanta importância tem feito com que as organizações contratem profissionais destinados a cuidar da área de responsabilidade ambiental em cada campo de atuação. Uma recente pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comprovou essa realidade. Das 109 maiores empresas do país, 70% delas desenvolvem ações de sustentabilidade.
A crescente busca por projetos sustentáveis tem feito as empresas observarem as propostas de outras organizações de modo a identificar as ações mais eficientes.
Gina Paladino, especialista na gestão de programas nas áreas de ciência, tecnologia, indústria, inovação e empreendedorismo, e atual consultora da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), afirma que "as grandes instituições têm internacionalizado seus projetos de sustentabilidade, inspirando-se em ideias de empresas de outros países". Gina lembra que além da preocupação com o meio ambiente, que é de fundamental importância, é necessário que se valorize o ser humano. "A maneira como se trata a população também faz parte da sustentabilidade. Tão fundamental quando se dedicar às questões ambientais, as empresas precisam cuidar dos seus recursos humanos, da parte mais social das cidades". Ela ainda lembra que esse é um setor que está aquecido, mas carente de profissionais capacitados.
Curitiba: cidade sustentável e premiada
A capital paranaense há anos se destaca por ter em seu ramo empresarial e urbano, ações que protegem o meio ambiente. Em 2010, o simpósio sobre Economia de Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês) para Formuladores de Políticas Locais e Regionais colocou Curitiba como a cidade mais sustentável do país. Em 2010, também foi eleita a cidade mais verde da América Latina, com um índice muito acima das demais concorrentes. Ainda no ano passado, a cidade recebeu do Globe Fórum, o prêmio Globe Award Sustainable City, numa votação que reuniu entidade sueca de empreendedores preocupados com a sustentabilidade global para eleger a cidade mais sustentável do mundo.

Desenvolvendo Ações Sustentáveis

Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento de ações que garanta o suprimento das necessidades da sociedade atual sem prejudicar o fornecimento de suprimento para as gerações futuras. Ou seja, preservando e multiplicando recursos, sem esgotá-los.
Sem um novo modelo econômico pautado no desenvolvimento sustentável, muitos recursos deixarão de existir, muitas sociedades deixarão de ter acesso ao que restar e muitos serão os atingidos pela escassez. O que fazer, então, para não permitir que isso aconteça?
Ações dessa natureza são complexas, pois precisam do envolvimento de cadeias e redes de organizações. É necessária uma mobilização conjunta de vários atores da sociedade. E, principalmente, é preciso admitir que os recursos são finitos, sendo a proteção e recuperação do meio ambiente uma das principais preocupações.
O primeiro passo, então, para o desenvolvimento de ações sustentáveis é a conscientização, é trabalhar a educação dos envolvidos de forma que entendam a importância de se trabalhar com esse conceito. Talvez, o mais complexo seja fazer com que apreendam e multipliquem os conhecimentos passados. Fazer com que o que foi ensinado passe a fazer parte do novo modo de vida dos envolvidos. Criar redes de discussão, grupos de trabalho, envolver empresas, comunidades e ONGs.
O segundo passo é estabelecer as áreas de prioridade (meio-ambiente, educação, geração de renda, desigualdade social etc), as atividades que se quer desenvolver e os objetivos que se quer alcançar. A partir daí, desenvolver projetos que envolvam a comunidade, mostrando que cada um é responsável pelo mundo em que se vive. O impacto social deve ser avaliado, os resultados mensuráveis e as metas executáveis.
A execução dos projetos é o terceiro passo. Aqui, é necessário atentar para a sustentabilidade do próprio projeto. Quanto mais conscientização existir, maior o número de pessoas e recursos envolvidos e maior a possibilidade de continuação. É preciso que haja uma equipe dedicada, com pessoas que conheçam os problemas abordados e as soluções propostas.
A gestão do projeto e dos recursos deve ocorrer de forma transparente, com a participação de membros da comunidade, realizando alterações sempre que necessário. Os resultados devem ser expostos à comunidade e as tecnologias desenvolvidas replicadas em outros projetos ou comunidades.
Se todos abraçarem a mesma causa, o desenvolvimento sustentável deixará de ser teoria para ser uma prática constante no mundo.

Rumo à Rio+20

15/06/2011
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Destaques

Uma conferência no Brasil, em junho de 2012 pode destravar as negociações internacionais sobre ambiente. Ou produzir novo fiasco global
Por Antonio Martins
A Copa-2014, em doze capitais, e as Olimpíadas-2016, no Rio de Janeiro, atraem mais holofotes. Mas apenas um ano nos separa de um evento internacional que, realizado em solo brasileiro, terá desdobramentos internacionais muito mais profundos – para bem ou para mal. Entre 4 e 6 de junho de 2012, a Cidade Maravilhosa acolherá a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20.
Convocada duas décadas após a ECO-92 – um divisor de águas nas relações internacionais envolvendo ambiente e desenvolvimento –, a Rio+20 vai se materializar em duas mega-atividades. O elegante Porto Maravilha, resultado da revitalização dos antigos armazéns do cais carioca, hospedará a conferência oficial. Receberá os donos do poder e as luzes da mídia. Serão protagonistas chefes de Estado, ministros, embaixadores, personalidades. Todos os países-membros da ONU enviarão delegações. O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, subsecretário-geral do Itamaraty (ler entrevista às páginas x a y), imagina que poderá vir a ser “a maior conferência da história”.
A poucos quilômetros dali, estará a multidão. Os jardins que Burle Marx desenhou no Aterro do Flamengo abrigarão um evento paralelo, organizado por coalizões da sociedade civil e denominado Cúpula dos Povos. Terá a cara dos Fóruns Sociais Mundiais (FSMs). Reunirá dezenas de milhares de pessoas: chegarão de todas as partes do mundo, compondo uma babel fervilhante de idiomas, etnias, desejos. Estão envolvidas em múltiplos projetos de transformação social e nutrem distintos graus de oposição às políticas de quase todos os governos.
As relações entre os dois universos são difíceis. Em mais de uma ocasião, governos que sediavam reuniões da ONU, da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou do FMI receberam a sociedade civil com gás-pimenta e cassetetes. Em outras, dão-lhe assento cosmético na tomada de decisões. Em contrapartida, governantes queixam-se de que encontros como os FSMs limitam-se a formular críticas genéricas – ignorando correlações de forças e se recusando a apresentar alternativas concretas às políticas que condenam. Os dois mundos acalentam, além disso, expectativas muito distintas em relação à Rio+20, como se verá.
E no entanto, um cenário muito particular está se desenhando para a conferência. Ela oferece oportunidade rara de enfrentar as grandes crises planetárias que se tornaram evidentes há alguns anos: a ambiental; a alimentar e de desigualdade; a econômica; e a da governança da globalização. As expectativas criadas poderão resultar num decisivo passo adiante – ou em grande frustração. Mas a hipótese favorável só será alcançada se as diferenças entre o mundo do poder e o das sociedades civis gerarem uma espécie de tensão produtiva.

* * *
Em teoria, o mandato da Rio+20 oficial (UNCSD 2012, para a ONU) é muito amplo. A conferência foi proposta à Assembleia Geral das Nações Unidas em 2007, por Lula, em mais um lance de rara sensibilidade política. Meses antes, o Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC, outro órgão da ONU) lançara um relatório em que pedia medidas urgentes para reduzir as emissões de CO2. Convocada oficialmente dois anos mais tarde, a conferência deve avaliar os resultados dos vários acordos internacionais firmados na área de desenvolvimento sustentável (o que inclui as conferências sobre Mulheres, Cidades e outras). A partir desta análise, pode definir compromissos comuns em duas vastas áreas: Economia Verde e Governança Global do Desenvolvimento Sustentável.
Esta definição geral oculta, porém, limites importantes. Tarimbada e segura, Cristina Montenegro representa no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA) desde 2004, quando esta agência instalou-se no Brasil. Participa com frequência de diálogos com os demais atores envolvidos na preparação da Rio+10: governo, empresários, sociedade civil. Exerce influência: o PNUMA compõe a chamada troika, responsável, na ONU, pela preparação da conferência (os outros dois integrantes são a agência de desenvolvimento das Nações Unidas – PNUD – e uma secretaria específica, comandada pelo diplomata chinês Sha Zukang. No entanto, não esconde a cautela, quando se trata de debater expectativas sobre os resultados da conferência marcada para junho de 2012.
“É preciso ter em mente que o mundo é muito distinto do que vivíamos na ECO-92. Considero temerário esperar os mesmos resultados”, alerta Cristina. Ela aponta duas grandes mudanças: uma na conjuntura internacional, outra no interior do próprio sistema ONU.
A segunda é a menos conhecida do público. Cristina explica: “a ECO-92 foi uma ocasião especial. Quando se realizou, já estavam amadurecidas nas Nações Unidas, após anos de negociações, três grandes convenções internacionais sobre Ambiente e Desenvolvimento. As que tratam de Mudanças Climáticas (UNFCCC) e Biodiversidade (UNCBD) foram firmadas ali mesmo, no Rio; sobre Desertificação (UNCCD), três anos mais tarde. Mas hoje, não há, na ONU, nenhum debate capaz de gerar, em curto prazo, compromissos desta envergadura”.
Além disso, o próprio sucesso inicial destes processos deu origem a estruturas de poder que não podem ser atropeladas – o que pode produzir rigidez. Clima, Biodiversidade de Desertificação já não estarão na pauta da ECO-92. Os acordos internacionais sobre cada um destes temas temas passaram, agora, ao âmbito das respectivas Conferências entre as Partes (COPs), que se realizam em geral a cada ano. A pauta da Rio+20 não prevê, por exemplo, tratar do impasse que marca as negociações sobre mudança climática e o pós-protocolo de Kyoto desde dezembro de 2009, quanto terminou melancolicamente a COP 15 sobre esse tema.
Cristina Montenegro avalia que, no cenário mundial extra-ONU, as nuvens também estão carregadas. “Em 1992, o mundo havia acabado de superar a Guerra Fria. Havia muita disposição para criar consensos. Hoje, vivemos uma série de crises. Obrigados a priorizar seus próprios problemas, os Estados tendem a deixar em segundo plano as medidas de articulação e cooperação internacional”
A Rio+20 seria, então, uma encontro faustoso em torno do nada? A representante do PNUMA rejeita esta visão pessimista. Para, os tempos são difíceis mas há tarefas estratégicas a realizar. A principal delas seria fortalecer, na estrutura das Nações Unidas, das agendas relacionadas a Ambiente e Desenvolvimento – que hoje não ocupam o primeiro plano.
Desde 1972, quando as Nações Unidas realizaram em Estocolmo sua Conferência sobre Ambiente Humano – uma precursora da ECO-92 – multiplicaram-se os órgãos que lidam de alguma maneira com os dois temas. Além de PNUD e PNUMA, partes do sistema ONU como a FAO (para Agricultura), Unesco (Cultura), Unido (Desenvolvimento Industrial) e OMM (Meteorologia) criaram braços ligados a florestas, biotecnologia e hidrologia, por exemplo.
Como resultado, diz Cristina “há uma dispersão de iniciativas, recursos, visibilidade. O conjunto
das organizações que tratam de Ambiente tem muito menos força que a Organização Mundial do Comércio”. Ou seja, reproduz-se a hierarquia básica do sistema, que submete as relações sociais (ou as busca de uma nova relação entre ser humano e natureza) à lógica dos mercados.
Sobre mudança nas estruturas da ONU relacionadas a Desenvolvimento e Ambiente, há, sim, estudos avançados, relata Cristina. Ela espera que gerem uma decisão no Rio. “Há quatro ou cinco fórmulas na mesa. Pode ser uma Organização Mundial do Meio-Ambiente, uma agência que reúna PNUMA e PNUD, um PNUMA muito vitaminado e outras. Não me inclino por nenhuma, a priori. Qualquer que seja o modelo, o importante, do ponto de vista político, é ter uma instituição forte, com peso e mandato renovado”.

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Diretora de uma das maiores OnG brasileiras – a Fase Solidariedade e Educação – co-coordenadora da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip), a carioca Fátima Mello está consciente das dificuldades para arrancar, dos governos presentes à Rio+10, compromissos sólidos com a preservação do ambiente e combate às desigualdades. “Estamos tocando em capital e poder. A transição para outro tipo de economia atinge interesses muito poderosos. A criação de um sistema de democrático de governança mundial não interessa aos membros do Conselho de Segurança da ONU. Mesmo Estados como o Brasil temem aventurar-se em favor de uma nova estrutura e arriscar os espaços que conquistaram no G-20, por exemplo”.
Por isso, e ainda que realce a importância das decisões da ONU, Fátima está concentrada em dar sentido ao fórum da sociedade civil. “A mobilização tende a ser enorme. Minha preocupação é com os resultados. Temos de ir além da mera denúncia, e começar a debater os caminhos para superar as relações sociais hoje hegemônicas”. Não se trata de um novo plano para tomada do Palácio de Inverno. “As alternativas ao capitalismo existem e estão sendo praticadas. São minoritárias, mas expandem-se por toda parte. Manifestam-se na economia solidária, na luta pela circulação não-mercantil da cultura e conhecimento, nas redes de software livre, na agroecologia. Cabe-nos estimulá-las, dar-lhes visibilidade, permitir que se multipliquem”.
Fátima vê a Cúpula dos Povos como um momento decisivo neste caminho. Quer construir, para o evento, um formato que acrescente algo ao dos Fóruns Sociais. “A multiplicidade estará garantida. Os movimentos sociais ou OnGs poderão propor temas, organizar atividades, estabelecer alianças, criar redes. Mas é possível, além disso, caminhar para a construção de convergências. Para torná-las possíveis, vamos começar a mobilizar e debater desde já”.
Em 2 de julho, uma reunião internacional da sociedade civil vai dar, no Rio de Janeiro, a largada para o processo. A convocação é aberta. Os participantes deverão formar grupos de trabalho que funcionarão ao longo de meses – inclusive virtualmente. Fátima espera que os trabalhos permitam sedimentar alguns consensos. Se isso foi possível, é em torno destes acordos que se desenvolverão as centrais principais da Cúpula dos Povos, em junho de 2012. “Precisamos estar unidos para pressionar a conferência oficial em relação a alguns pontos. Nem tudo poderá ser conquistado. Mas os acordos servirão de referência para nossas lutas futuras. O que já não basta é nos limitarmos à resistência”, reconhece a diretora da Fase.

* * *
A fala de Fátima revela quão importante é, pra os movimentos da sociedade civil, estabelecer pontos de diálogo e controvérsia com o poder. Na última década, sob inspiração do FSM, deu-se uma autêntica revolução, neste universo. Perderam muito prestígio concepções herdadas das antigas tradições socialista e comunista, segundo as quais a realização dos grandes projetos acalentados pelos movimentos sociais se daria com a chegada ao poder dos partidos com os quais se identificavam. Avançou – inclusive em organizações próximas aos partidos, como a CUT – a noção de autonomia. Surgiram as redes da sociedade civil, muitas vezes mais capazes de formular alternativas que os próprios partidos de esquerda, agora focados nas lides da conquista e manutenção de governos.
No entanto, o Estado continua a ser o principal espaço onde se legitimam os direitos. Como tantas outras, as reivindicações ligadas ao desenvolvimento sustentável só têm razão de ser se aspiram a se materializar em políticas públicas.
É nelas que Rubens Bor identifica a chave capaz de destravar as negociações internaqcionais sobre ambiente e combate às desigualdades. Engenheiro e ambientalista, Born é participante ativo do comitê de quinze organizações que prepara a Cúpula dos Povos. Representa, junto com Aron Belinky, a ONG Vitae Civilis, que reúne, em seu site, a documentação mais completa sobre a Rio+10, vista a partir da ótica da sociedade civil.
Born vê uma grande janela de oportunidade na conjuntura internacional. “A ECO-92 definiu uma estrutura avançada de políticas. Mas foi seguida pelos anos do neoliberalismo, que recomendavam reduzir o Estado ao mínimo e enxergavam no mercado o instrumento mais virtuoso prar reger a sociedade. Uma década depois, o primeiro balanço da grande conferência, feito na chamada “Rio+10” (em Johanesburgo), sacramentou esta visão tacanha”.
O cenário, agora, é outro, frisa Born. “Os próprios mercados reconhecem que precisam da mão do Estado. A Rio+20 pode recuperar o terreno perdido e conservar um feixe de políticas públicas para transição a um novo modelo”.
Quais seriam estras políticas? Quando Rubens Born começa a elencar exemplos, surge um desenho paradoxal. As propostas só soam utópicas se vistas a partir da ótima de um mundo submetido às lógicas de mercado. Não constituem um programa dirigido a vanguardas revolucionárias, mas a seres humanos comuns, preocupados ao mesmo tempo com o planeta e com suas responsabilidades quotidianas.
Dois breves exemplos, entre milhares de outros, são ilustrativos. Born pensa que Lula estava coberto de razão ao canalizar recursos para a indústria, visando evitar demissões, durante a crise financeira. Mas ressalva: “os benefícios fiscais gerariam os mesmos empregos, se fossem destinados ao transporte coletivo. Nesse caso, ajudariam a reverter a cultura de idolatria ao automóvel, que está tornando insuportável mover-se nas metrópoles”.
O ambientalista também lembra: estudos recentes preveem desabastecimento de água em algumas das grandes áreas metropolitanas brasileiras, dentro de poucas décadas. O preço dos imóveis nas áreas centrais está provocando migração para as periferias – onde, em geral, situam-se os mananciais. Ele tem uma proposta perfeitamente exequível para enfrentar a ameaça: “Por que não iniciar já o reflorestamento dos entornos das metrópoles, com políticas de reforma urbana que, além de resolverem a encruzilhada ambiental, gerarão uma grande quantidade de empregos verdes”?
Nesse ponto, aparece com clareza a tensão produtiva que as duas grandes atividades de 2012 – Rio+20 e Cúpula dos Povos – podem gerar, a partir de suas próprias diferenças. Sem o tempero da pressão social, é provável que a conferência oficial termine de forma pífia ou, pior, em nova frustração. Mas para continuar avançando na construção das novas lógicas sociais, e conquistar alguma vitória na preservação do ambiente e redução das desiguldades, a sociedade civil precisa ser capaz de apresentar propostas claras. Os próximos doze meses dirão se este primeiro passo é possível.

Fonte: http://www.outraspalavras.net/2011/06/15/rumo-a-rio20/

Florestas Inteligentes recupera Mata Atlântica e detentos

Criado pelo produtor rural Marcos Barbosa, o projeto Florestas Inteligentes se baseia numa ideia muito simples, que está trazendo resultados bastante significativos para a natureza e a comunidade da cidade de Tremembé, em SP: trata-se de um viveiro de mudas implantado na Penitenciária Edgar Magalhães Noronha, que, além de ajudar na recuperação da Mata Atlântica, contribui para a reinserção de seus presidiários no mercado de trabalho



Atualmente, cerca de 1.700 detentos cumprem pena em regime semiaberto na Pemano - Penitenciária Edgar Magalhães Noronha, localizada na cidade de Tremembé, no interior de São Paulo. Os presidiários têm direito a deixar o local, temporariamente, cinco vezes por ano, mas é na própria prisão que alguns deles estão vivendo seus dias de maior realização pessoal, graças ao projeto Florestas Inteligentes.

Criada, em 2010, pelo produtor rural Marcos Barbosa, a iniciativa convida 60 detentos - selecionados pelo critério de bom comportamento - a trabalhar em um viveiro de mudas nativas da Mata Atlântica, localizado dentro do próprio presídio, que atualmente conta com quase dois milhões de árvores, de cerca de 130 espécies diferentes.

Pelo trabalho, os presidiários recebem, mensalmente, um salário mínimo e mais 10% desse valor, que é enviado a uma poupança, cujo acesso será liberado após o cumprimento da detenção. Além disso, conquistam o direito de ter uma redução de pena de um dia, a cada três trabalhados no viveiro. Já as mudas cultivadas no local são vendidas para projetos de restauração da Mata Atlântica ou, ainda, de compensação ambiental e neutralização de emissões de carbono, contribuindo para a conservação do bioma.

"É gratificante ver que o projeto está ajudando a recuperar, de uma só vez, florestas e pessoas. O que mais posso querer? Me sinto realizado", disse Marcos Barbosa, durante debate promovido pelo projeto Estéreo Saci, do Instituto Itaú Cultural, que neste ano promoveu encontros sobre o tema "Lixo, Moda e Preconceito".

Na ocasião, o produtor rural ainda comentou que a maior recompensa do Florestas Inteligentes é assistir à reciclagem interna dos detentos. "Eles ficam esquecidos nas penitenciárias, são vistos como verdadeiros resíduos da sociedade e sentem o peso desse rótulo. Assistir à recuperação da autoestima desses homens, a partir do trabalho, é incrível. Para mim, é um tapa na cara daqueles que acham que os presos são vagabundos, porque não são! Atuando 29 anos como produtor rural, nunca vi pessoas com tanta vontade de trabalhar como eles. Falta oportunidade mesmo", destacou Barbosa.

Os resultados do projeto Florestas Inteligentes foram tão positivos que Barbosa fechou uma parceria com a Universidade Pública de Taubaté, que fica próxima à cidade de Tremembé, para oferecer cursos de capacitação profissional, com diploma, para os presos que cumprirem suas penas. Entre eles, estão cursos de jardinagem, restauro florestal e horticultura. "E também conseguimos que a prefeitura da cidade ofereça curso de alfabetização para os detentos, já que cerca de 50% deles não sabem ler e escrever", contou o produtor.



2011: Sustentabilidade levada a sério

O ano que se inicia deverá contar com o engajamento dos líderes e executivos para que os valores sustentáveis saiam do papel para o dia a dia das organizações

Por muito tempo estivemos preocupados com ganhos em escala e lucros em detrimento do meio ambiente. Hoje, de modo prepotente, pensamos em “salvar” o planeta Terra. A verdade é que a humanidade é um cisco na história do mundo. A Terra existe há
100 milhões de anos. Eu disse milhões. E a humanidade possui alguns poucos milhares de anos. Ou seja, o planeta não irá acabar, o que pode acabar é a humanidade, extinta por sua própria imprevidência e desequilíbrios causados ao meio ambiente.

Portanto, não é necessário se preocupar com o futuro da Terra, afinal, os dinossauros já passaram por aqui, várias espécies foram extintas e novas formas de vida surgiram e surgirão no futuro. A preocupação deve estar focada no futuro da humanidade e com a herança que pretendemos deixar aos nossos filhos e netos.

Sendo assim, costumo definir sustentabilidade de uma forma direta: sustentável é durável, se possível permanente. E por isso mesmo as táticas de curto prazo que causam prejuízos futuros não podem ser sustentáveis.

A preocupação inicial sobre as práticas agressoras do homem foi em relação ao meio ambiente. Posteriormente, em uma segunda onda, surgiu a preocupação social. E hoje eu apelidaria de sustentabilidade 3.0 a base para um mundo sustentável, alicerçada em premissas de conscientização, educação e ética.

Aguçar a visão

No último 33º Fórum de Líderes, realizado em São Paulo, a preocupação com os conceitos sustentáveis foi apresentada pelos palestrantes para mais de 1.200 líderes reunidos. Um dos questionamentos foi do Dr. Ozires Silva, que abriu sua palestra dizendo aos líderes: “Onde estaríamos hoje se não fosse a Escola?”. Wow! Já parou para pensar nisso? Pois é, toda a nossa capacidade criativa e de inteligência precisam ser direcionadas, estimuladas e incentivadas.

A preocupação com a capacitação desses gestores está sendo amplamente discutida em todas as capitais brasileiras e por diversos especialistas, como Cesar Souza que discorreu suas preocupações com os aspectos sustentáveis em sua palestra no 1º Fórum de Líderes Nordeste, realizado em Recife, e, recentemente, publiquei um artigo em que discorro a falta de líderes, reforçada por uma pesquisa realizada pela HSM em conjunto com a Empreenda.net.

Outro evento recente foi o CEO Fórum 2010, realizado pela AMCHAM em Recife. O tema foi “Gestão Estratégica para a Competitividade” e os palestrantes trataram bastante o tema sustentabilidade, o que nos faz perceber o quão importante é essa temática para as organizações atualmente. Na ocasião, o presidente da Dell Brasil, Raymundo Peixoto, apresentou a caminhada “verde” da empresa para o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis e ecologicamente corretos.
Entre as iniciativas está a utilização de embalagens feitas de fibra de bambu e o uso mais racional das embalagens, matérias-primas e insumos sustentáveis e, por fim, a importância da inovação para criar produtos mais eficientes e de menor consumo energético.

Também tivemos uma palestra muito legal de André Vercelli, da Kraft Foods Nordeste, que apresentou um case da empresa sobre o apoio à comunidades carentes e o desenvolvimento e capacitação de sua mão-de-obra própria para a instalação da fábrica de Vitória de Santo Antão.

Em todos esses eventos que une os principais líderes, executivos e gestores do país, a educação e capacitação desses brasileiros é o calcanhar de Aquiles para promover conceitos de sustentabilidade em 2011. Não é apenas meio ambiente, o social ou o econômico. O problema da (in) sustentabilidade está na (falta de) educação.

Ética é a palavra de ordem e a conscientização é o único caminho. Um exemplo muito bom é a Lipor, empresa portuguesa que criou um Plano de Educação Ambiental 2009/2011, tendo como objetivo a promoção da educação e sensibilização dos cidadãos para a sua mobilização em relação às iniciativas de proteção ao meio ambiente.

Ou seja, como apresentado por Cesar Souza, colunista da HSM que esteve presente no 33º Fórum de Líderes, o triple bottom line precisa ser entendido para englobar as pessoas. E neste sentido, 2011 é um ano em que precisaremos de lideranças preocupadas com a sustentabilidade, se é que as empresas querem se perpetuar, incluindo ao trinômio ambiental-social-econômico uma visão holística de negócio + sociedade + planeta.

O próprio posicionamento dos negócios é um item essencial de sustentabilidade dentro das organizações e precisa fazer parte do pensamento estratégico e não apenas de um documento em papel realizado uma vez por ano chamado de “plano estratégico”. O pensamento estratégico é um ser e fazer do dia a dia.

Concluímos que o próximo passo da sustentabilidade é conscientizar, educar e liderar o pensamento sustentável e sua implementação. Será que estamos preparados?

Mário Henrique Trentim (Diretor da iPM Consult – Consultoria Inteligente, professor e coordenador dos cursos de MBA da CEDEPE Business School em gerenciamento de projetos e membro voluntário do PMI Pernambuco da Diretoria Adjunta do Chapter)

Ano Internacional da Floresta – 2011

Segundo dados do Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre. Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de $ 327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.

Para sensibilizar a sociedade para a importância da preservação das florestas para a garantia da vida no planeta, a ONU – Organização das Nações Unidas declarou que 2011 será, oficialmente, o Ano Internacional das Florestas.


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A ideia é promover durante os próximos 12 meses ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando a todos que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos para o planeta. Entre eles:
– a perda da biodiversidade;
– o agravamento das mudanças climáticas;
– o incentivo a atividades econômicas ilegais, como a caça de animais;
– o estímulo a assentamentos clandestinos e
– a ameaça à própria vida humana.

Caixa vai destinar R$ 6 mi para projetos de sustentabilidade na Caatinga

"A questão ambiental é basicamente isso: mudança de comportamento", destacou Izabella Teixeira.
caatingaFoto: Googlecaatinga

 

 
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o presidente da Caixa, Jorge Hereda, assinaram o termo de adesão do banco à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P). Essa agenda é um programa do ministério que tem o objetivo de implementar a gestão socioambiental sustentável das atividades administrativas e operacionais das instituições públicas.

No evento, Hereda anunciou a chamada pública de projetos com uso de recursos do Fundo Socioambiental da Caixa. Segundo Hereda, serão R$ 6 milhões para projetos de uso sustentável da Caatinga. De acordo com o presidente da Caixa, o fundo já financiou outros projetos como de recuperação de nascentes e de gestão de resíduos de construção e demolição. Os recursos do fundo vêm do orçamento da caixa, correspondente a 2% do lucro líquido do banco e de doações.

Hereda destacou que "há uma carga muito grande de investimentos nas cidades" em habitação, mas é preciso intervir nas cidades, sem gerar problemas ambientais urbanos.

A ministra do Meio Ambiente lembrou que cerca de 85% dos brasileiros vivem em cidades. Por isso, é preciso estimular a construção sustentável, o que gera economia e condições para que as pessoas morem. "A questão ambiental é basicamente isso: mudança de comportamento", destacou Izabella Teixeira.
Fonte: DCI

Mata Atlântica dispõe de 78 iniciativas de Pagamento por Serviços Ambientais

Para participar, os produtores rurais recebem dinheiro pela proteção e restauração de ecossistemas naturais em áreas estratégicas.

Foto: Google
 
A Mata Atlântica é a ecorregião com mais experiências de Pagamentos de Serviços Ambientais (PSA) no País. Na Semana Nacional da Mata Atlântica 2011, que foi realizada no final de maio em Curitiba, as iniciativas de PSA promovidas por governos, entidades, empresas e sociedade civil foram apresentadas de diversas formas.

Além do painel com a participação de especialistas no assunto, foi lançado o livro Pagamento por Serviços Ambientais na Mata Atlântica – Lições aprendidas e desafios na oficina temática com autores da obra. Nela, o público conferiu como esse mecanismo é implementado na região mais povoada do País.

Conforme o levantamento apontado no estudo, atualmente estão em diferentes estágios de implementação 78 iniciativas de PSA em áreas de Mata Atlântica. Para participar, os produtores rurais recebem dinheiro pela proteção e restauração de ecossistemas naturais em áreas estratégicas para a produção de água, para captura de carbono ou para proteção da biodiversidade.

Fernando Veiga, gerente de Serviços Ambientais do Programa de Conservação da Mata Atlântica e da Savanas Centrais da The Nature Conservancy (TNC), explicou que a preservação dos ecossistemas é uma fonte de renda com grande potencial de crescimento no Brasil. Conforme Veiga, a atual legislação permite uma série de possibilidades. A própria Lei Nacional de Recursos Hídricos estabeleceu uma fonte potencial para PSA água, como os pagamentos de usuários e poluidores que devem ser utilizados na mesma bacia onde foram arrecadados. Mas para isso, alerta, os comitês de bacia precisam estar convencidos dos benefícios do PSA para assegurar qualidade de água e regularização de vazões.

O universo de possibilidades para PSA é grande e cada projeto é implantado de uma forma distinta. Todas as experiências da Mata Atlântica foram relatadas nesse livro, lançado pelo Núcleo de Proteção à Mata Atlântica e Pampa do MMA. A iniciativa teve apoio do Projeto Proteção da Mata Atlântica II (MMA, GIZ, Kfw e Funbio) e da TNC.

O trabalho contou com a coordenação temática de experientes profissionais da área. Peter May coordenou o capítulo sobre PSA por fixação ou redução da emissão carbono; Fernando Veiga e Marina Galvadão trataram sobre conservação da água e os técnicos Susan Seehusen, André Cunha e Arnoldo Freitas Jr. desenvolveram os capítulos com relação à conservação da biodiversidade.

Esse e outros lançamentos serão disponibilizados em breve no site do MMA. Os interessados em obter os produtos apresentados na Semana Nacional da Mata Atlântica deverão enviar uma solicitação com uma justificativa para o endereço
cid@mma.gov.br.


Fonte: Mercado Ético

 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

REFLORESTAMENTO E RECUPERAÇÃO DE MATAS NATIVAS

É muito comum o questionamento sobre quais as espécies nativas devem ser plantadas em uma área degradada, com intenção de se fazer um reflorestamento ou regeneração de mata nativa, e também qual a melhor forma de fazê-lo. Existem aí algumas considerações:
1- Plantar ou deixar por conta da natureza

Existe uma opinião, endossada por setores do IBAMA, que recomenda deixar a regeneração da mata de forma espontânea, não plantando nem roçando o mato, apenas cercando a área para impedir entrada de gado. Desta forma voltariam a ocorrer espécies naturais da região, vindas de sementes das proximidades ou mesmo em estado de dormência.

Acreditamos porém que esta não é a melhor forma de se recuperar de maneira rápida e segura, pois este modelo se aplica a áreas apenas perturbadas, e não totalmente degradadas ou ocupadas por pastos. Nestes casos, sem a interferência do homem, dificilmente a mata nativa voltaria ao que era. O mais provável é que a área se torne uma chamada “capoeira”, com poucas espécies, e entre elas a predominância de invasoras agressivas.

Assim sendo, o plantio de espécies nativas controlado, convivendo com parte da vegetação espontânea, parece ser a melhor opção.

2- Fator de regeneração progressiva.

Em uma área degradada, a recomposição da mata se faz por etapas. Em primeiro lugar aparecem as espécies pioneiras, mais rústicas, tolerantes ao sol pleno, de pequeno a médio porte, crescimento rápido e menos exigentes. Após estabelecido o que chamamos "mato", composto destas espécies e arbustos, que normalmente são as consideradas pragas da lavoura, começam a surgir as espécies intermediárias, que se aproveitam da sombra das primeiras, e depois as chamadas "climax", que são arvores de grande porte e longevidade, que dominarão a mata, reduzindo as pioneiras a um percentual muito menor, formando o chamado sub-bosque.

Portanto, quanto a este fator, deve-se evitar o plantio de espécies climax em terreno aberto e limpo. Em grandes reflorestamentos é comum o plantio simultâneo de todas as espécies, misturadas. Considera-se então que as pioneiras se desenvolverão mais rapidamente, fornecendo sombra para as climaxes. Ou então procura-se aproveitar a vegetação existente, e plantar as climaxes em seu meio. Nestes casos, é necessário dosar a proteção fornecida pelas pioneiras, devido ao risco de abafamento, fazendo limpezas seletivas de tempos em tempos.

3- Fator clima, altitude, solo.

Existem espécies que se adaptam melhor a solo mais seco ou mais úmido, arenoso, etc. Algumas espécies preferem climas frios, outras só produzem com muito calor. Algumas exigem altitudes mais baixas ou mais elevadas. Normalmente as espécies climaxes exigem um solo mais rico em adubação. Com uma boa literatura é possível obter muitos destes dados.

Efetivamente, vai se obter um resultado melhor escolhendo-se as espécies adequadas.

4- Fator regional (macro região).

Existe uma vegetação caraterística para cada região do país. As principais são:

Floresta Amazônica

Cerrado

Caatinga nordestina

Mata Atlântica

Vegetação litorânea

Pantanal

Mata das Araucárias e campos do sul

Normalmente uma espécie que compõe a vegetação típica da região a ser reflorestada sempre se adaptará bem, respeitando-se compatibilidade de clima e solo.

Por isso é importante observar as matas remanescentes da região, identificando as espécies que se adaptam bem ali, e dar preferência a elas. É muito comum que uma espécie exuberante em uma região não consiga boa adaptação a outra, as vezes a poucos quilômetros do local. Desta forma é muito importante plantar as espécies predominantes da mata original, de preferência originárias de sementes colhidas nas proximidades, que certamente apresentarão desenvolvimento mais rápido e garantido, e depois mescla-las com outras espécies nativas de interesse.

5- Fator aplicação.

Trata-se da finalidade para que se quer o reflorestamento. Normalmente os mais comuns são três requisitos:

Árvores frutíferas para atrair e manter a fauna (muitas vezes não são frutos comestíveis para o homem),

Árvores de grande porte (as tradicionais, também conhecidas como madeira de lei)

Árvores com floração atraente, que também são melíferas, para a apicultura (procurando-se espécies que floresçam em épocas diferenciadas).

Existem muitas espécies que atendem a mais de um dos requisitos, as vezes até os três.

Alguns exemplos de espécies nativas de cada tipo.

Frutíferas: Goiaba, Araçá, Murici, Papagaio, Pombeira, Cajá, Pitanga, Gabiroba.

Grande porte: Jequitibá, Sapucaia, Peroba do Campo, Inuíba, Copaíba, Garapa.

Com Flores: Ipês, Quaresmeira, Mulungu, Canafístulas, Faveiro.


CUIDADOS NO PLANTIO E DESENVOLVIMENTO

1- Época do plantio

A melhor época é no inicio das primeiras chuvas da temporada, geralmente Setembro a Outubro, quando a terra já estiver molhada em profundidade.

Plantar mudas já formadas, com pelo menos 20 cm de altura.

2- Adubação

Usamos para adubação o mesmo processo que utilizamos para formação de pomares ou culturas homogêneas. Verificar acidez do solo e corrigi-la, adubar no plantio e uma vez ao ano, antes das chuvas, até que as mudas estejam em torno de dois metros de altura.

A utilização de matéria orgânica no plantio é muito benéfica. Forrar o fundo da cova com restos de folhas e galhos recolhidos no local. Alem de prover nutrientes, ajuda a conservar a umidade do solo no período inicial.

Cuidado para que as raízes da muda nunca estejam em contato, no plantio, com o adubo químico.

3- Mata ou bosque

Um bosque é um conjunto de arvores plantadas uniformemente em linha, com bom espaçamento, e sem existência de outra vegetação a não ser algum gramado ou flores baixas.

Uma mata nativa é um conjunto de espécies vegetais em plena concorrência pela sobrevivência, com um rico sub-bosque, pasasitas, invasoras, arvores em disposição irregular, em geral muito próximas umas das outras, serrapilheira (conjunto de cobertura morta do solo) rica e densa.

Em uma recuperação de mata não queremos nada parecido com bosque, portanto o plantio deve ser irregular, mantendo-se ao máximo a vegetação existente (mato).

4- Cuidados com o mato

A existência de mato, vegetação rasteira ou arbustiva original do local, em geral invasora e agressiva, por um lado ajuda a manter a fertilidade do solo, conter erosão e diminuir o ataque das formigas.

Por outro lado ela pode abafar as mudas plantadas e matá-las. Portanto no plantio deve-se deixar um espaço limpo em volta das mudas, e fazer capina de coroamento umas duas vezes por ano, até que a muda se sobressaia da vegetação rasteira, já com uns dois metros de altura.

5- Formigas

As formigas, gafanhotos e grilos são grandes inimigos do reflorestamento, e podem reduzir um projeto a quase zero em pouco tempo.

Deve-se ter em mente que as formigas são agressivas na medida em que o ambiente for desequilibrado. Em uma mata nativa formada vemos grandes formigueiros e carreiras de saúvas, sem detectar prejuízos visíveis às árvores.

Entretanto, em uma área degradada as formigas são extremamente agressivas. Deve-se combate-las com métodos tradicionais (iscas, fumigação) para manter o controle. À medida que as mudas forem crescendo e formando-se um rico sub-bosque, o eco-sistema se encarregará de contê-las.

6- Queimadas

Com certeza um dos principais inimigos.

Manter aceiros em volta do reflorestamento, assim como manter o coroamento das mudas.

7- Podas

À medida que as mudas vão crescendo, diminui-se o desbaste do mato e o consorcio de plantas vai se formando. Neste momento é importante a ação do homem para ajudar a regular a concorrência natural. Observando quais as espécies se tem mais interesse, ou quais estão sendo abafadas, vai-se fazendo desbastes, podas, ou mesmo corte total de algumas. Neste ponto vale a sensibilidade e a vista dos objetivos que se pretende.

O material resultante de podas e cortes é matéria orgânica preciosa. Deve ser deixado no local para fertilizar, umedecer e proteger o solo.

Existem teorias, como a permacultura, que valorizam muito a poda, mesmo de nativas, por estes benefícios e também por arejar a arvore e eliminar envio de seiva para ramos sem chance de crescimento.


ALGUMAS ESPÉCIES USADAS EM REFLORESTAMENTO NESTA REGIÃO (LESTE DE MG):

PIONEIRAS

Embauba – Cecropia (diversas espécies)

Angico jacaré – Piptadenia gonoacantha

Caja mirim – Spondias monbin

Fedegoso - Senna macranthera

Fedegoso gigante – Senna alata

Leiteira – Tabernaemontana fushiaefolia

Pombeira - Cytharexylum myrianthum

Papagaio ou tamanqueira - Aegiphila sellowiana

Capixingui - Croton floribundus

Sangra d’agua - Croton urucurana

Marianeira - Acnistus arborescens

INTERMEDIÁRIAS

Amendoim do mato – Pterogyne nitens

Aroeira vermelha - Schinus terebinthifolius

Cabreúva, Balsamo - Myroxylon balsamum

Canafístula de fava - Cassia ferruginea

Canela branca - Ocotea spichiana

Caroba branca - Sparattosperma leucanthum

Catuaba branca - Eriotheca candolleana

Farinha seca – Albizia haslerii

Guapuruvu - Schizolobium parahyba

Ingá – Inga edulis

Ipê amarelo do cerrado - Tabebuia chrysotricha

Ipê roxo – Tabebuia avellanedae

Jacaranda da Bahia – Dalbergia nigra

Jenipapo - Genipa americana

Mulungu - Erythrina verna

CLIMAXES

Angico vermelho (mam. Porca) - Anadenanthera macrocarpa

Araribá - Centrolobium robustus

Brauna preta – Melanoxylon brauna

Cedro - Cedrela fissilis

Copaiba - Copaifera langsdorfii

Garapa - Apulea leiocarpa

Cutieira ou boleira – Joanesia princeps

Inuiba - Lecythis lúrida

Ipê amarelo da mata – Tabebuia serratifolia

Jatobá – Hymeneae courbaril

Jequitibá rosa - Cariniana legalis

Paratudo - Hortia arbórea

Pau Brasil – Caesalpinia echinata

Pau dalho - Gallesia intergrifolia

Pau ferro – Caesalpinia ferrea

Pau rei – Pterygota brasiliensis

Peroba do campo – Paratecoma peroba

Sapucaia – Lecythis pisonis

Vinhatico - Plathymenia foliosa


Eugênio Arantes de Melo,


Revisado em Dezembro de 2008

Produtos Biodegradáveis

 Fonte : http://www.ecodesenvolvimento.org.br/voceecod/prefira-produtos-biodegradaveis-1#ixzz1QuyZyXho
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Prefira produtos que não agridam tanto o meio ambiente/Foto:Image Sourse
Materiais biodegradáveis são aqueles que, após o uso, podem ser decompostos pelos microorganismos, perdendo suas propriedades químicas nocivas ao meio ambiente. Hoje, o mercado disponibiliza uma grande variedade de produtos com esse selo. Produtos de limpeza e higiene, solventes, desengraxantes e até sacos plásticos já estão disponíveis em versões biodegradáveis.
Por isso, quando for comprar algum desses produtos, verifique se existe uma opção que não agride tanto o meio ambiente e dê preferência a esse. A tendência para trocar os produtos químicos convencionais por versões biodegradáveis é tão forte que alguns países já criaram normas para obrigar alguns setores econômicos a adotarem esses materiais.

Edifícios Ecológicos

Construção ecológica" e "desenvolvimento sustentável" são os termos mais quentes do setor de construção no momento, mas o que querem dizer, exatamente?
 
    Construção ecológica" e "desenvolvimento sustentável" são os termos mais quentes do setor de construção no momento, mas o que querem dizer, exatamente? De acordo com o site da Agência de Proteção Ambiental - EPA (em inglês) norte-americana, a construção ecológica é "a prática de criar modelos mais saudáveis e de aproveitamento mais eficiente dos recursos na construção, reforma, operação, manutenção e demolição de edificações" [fonte: EPA (em inglês)]. Os proponentes dizem que a construção ecológica é, não só menos prejudicial ao meio ambiente, como também mais saudável e oferece melhor custo/benefício. E o que é desenvolvimento sustentável? O Programa Ambiental das Nações Unidas define o termo como desenvolvimento que garanta que nosso uso dos recursos e do meio ambiente não restrinja seu aproveitamento por futuras gerações. Para empresas, escolas e hospitais, "práticas ecológicas de construção" podem envolver qualquer coisa, do uso de mictórios sem água à geração autônoma de eletricidade. Mas os proprietários de residências que gostariam de criar uma vida mais ecológica muitas vezes não dispõem dos recursos econômicos acessíveis às grandes empresas. Há muitos elementos a considerar e os custos podem fazer muita diferença no orçamento de uma residência. Os proprietários de residências podem economizar por meio do uso de lâmpadas mais eficientes em termos energéticos, mas até que ponto isso beneficia o ambiente e que economia essa prática propicia? E como definir o que é e o que não é ecológico? Ecologia fora de casa Existem muitas inovações em termos de construção ecológica além do mercado residencial. Escolas, hospitais e empresas estão adotando os métodos ecológicos, o que faz sentido em termos ambientais e econômicos. Ao melhorar a qualidade do ar e o controle da temperatura e, ao projetar escritórios que ofereçam mais luz natural e espaços abertos, eles recebem como bônus funcionários mais felizes e mais produtivos. O comando das empresas também aprecia inovações ecológicas porque elas beneficiam os resultados econômicos, já que consumidores passam a escolher essas companhias em função de suas credenciais ambientais.

O Ciclo Hidrológico

Conhecida a distribuição da água na Terra, é importante também que se saiba como ela se movimenta no planeta.
 

Ao seu permanente movimento de mudanças de estado (sólido, líquido ou gasoso) ou de posição (superficial, subterrânea ou atmosférica) em relação à superfície da Terra, denominou-se de ciclo hidrológico. Por definição, então, ciclo hidrológico é a descrição do comportamento natural da água em volta do globo terrestre. Essencial para o desenvolvimento da vida na Terra, é composto de três fenômenos principais: evaporação para a atmosfera, condensação em forma de nuvens e precipitação, mais freqüentemente em forma de chuva, sobre a superfície terrestre, onde ela se dispersa sobre as mais variadas maneiras, de acordo com a superfície receptora, escoando sobre a superfície, infiltrando-se e/ou evaporando-se.
A cada ano, a energia do Sol faz com que um volume de aproximadamente 500.000 Km3 de água se evapore, especialmente dos oceanos, embora também de águas e rios. Essa água retorna para os continentes e ilhas, ou para os oceanos, sob a forma de precipitações: chuva ou neve. Os continentes e ilhas têm um saldo positivo nesse processo. Estima-se que eles “retirem” dos oceanos perto de 40.000 Km3 por ano. É esse saldo que alimenta as nascentes dos rios, recarrega os depósitos subterrâneos, e depois retorna aos oceanos pelo deságüe dos rios.
A água é encontrada na atmosfera mais freqüentemente sob a forma de vapor ou de partículas líquidas, embora não seja raro sob a forma de neve ou de gelo. Para que ocorra uma precipitação é necessário que o vapor atmosférico sofra condensação em gotículas que, ao atingir determinado peso, não podem continuar em suspensão, caindo em forma de chuva. Se durante essa precipitação essas gotas atravessarem camadas atmosféricas com temperaturas negativas poderá ocorrer o congelamento e a precipitação ocorrer na forma de partículas de gelo, o granizo. Se essa condensação ocorrer sob temperaturas de congelamento, a precipitação se dará em forma de neve.
Embora sem importância para estudos de abastecimento de água, em função de sua insignificante contribuição para a formação de escoamentos superficiais, ainda se pode registrar que quando a condensação for originada do contato do vapor atmosférico com uma superfície sólida, o solo por exemplo, e em temperaturas do ar circundante muito baixas, não necessariamente de congelamento, ocorre a formação do orvalho ou das geadas. A ocorrência destes tipos de condensação é de extrema importância em áreas agrícolas, assim como a precipitação em forma de granizo.
Resumindo, as precipitações pluviométricas podem ocorrer tanto da forma mais comum conhecida como chuva, como em formas mais moderadas como neblinas, garoas ou geadas, ou mais violentas como acontecem nos furacões, precipitações de granizo, nevascas, etc.
Quando a chuva alcança o solo, parte da água se infiltra e parte fica temporariamente sobre a superfície, em função da intensidade da chuva e da capacidade de infiltração do solo. Da parcela superficial parte é retida, passa do estado líquido para o gasoso pelo processo de evaporação natural, e volta a atmosfera. A intensidade desse fenômeno natural depende da temperatura ambiente, da ventilação e da umidade relativa do ar. O restante escoa sobre a superfície livre do terreno indo abastecer os corpos receptores naturais como rios lagos e oceanos. Da parcela infiltrada, a que fica retida nos interstícios próximos à superfície volta a atmosfera na forma de vapor e o restante penetra mais profundamente e vai abastecer o lençol freático e outros aqüíferos subterrâneos.
Em áreas cobertas por densa vegetação o volume de água que é transferido para a atmosfera, através do fenômeno de transpiração, pode ser bastante significativo, em função da dimensão dessa área. Nesse processo a água é retirada do solo pelas raízes, transferida para as folhas e, então, evaporada. Assim, numa área de floresta, por exemplo, a superfície de exposição das folhas é muito grande e em função da temperatura ambiente e da insolação, pode se tornar o fator determinante do teor de umidade atmosférica (numa área equatorial, por exemplo).
Evidentemente o ciclo hidrológico, embora seja um fenômeno contínuo da natureza, não tem comportamento uniforme em cada uma de suas fases, principalmente quanto à evaporação e à precipitação, Essas variam de intensidade aleatoriamente com o tempo, principalmente ao longo das estações climáticas. Na realidade qualquer observação sistemática de chuvas em determinado local caracterizar-se-á por notáveis variações nas quantidades precipitadas anualmente e não mostrará ocorrências cíclicas dos fenômenos. A maior quantidade de observações ao longo de um tempo mais longo (mais de trinta anos) permitirá condições de se apurar valores médios mais consistentes.
A fase atmosférica do fenômeno das precipitações é de interesse dos meteorologistas, porém a partir do momento em que ela atinge o solo, torna-se o elemento fundamental dos estudos ligados à Hidrologia. Segundo o United States Federal Council of Science and Tecnology, Committee for Scientific Hidrology (1962), Hidrologia é a ciência que estuda a água da terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas, e suas reações com o meio-ambiente, incluindo suas relações com a vida (Villela & Mattos, 1975, p. 1), ou seja, é a ciência que estuda a presença da água na natureza. Ainda denomina-se de Hidrologia de superfície o estudo referente ao movimento da água sobre o solo, isto é, do escoamento superficial das águas, que é o que interessa para projetos de drenagem superficial. Pode-se dizer que como ciência é um estudo recente, pois seus fundamentos teóricos só começaram a se formar nos tempos do cientista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), com a concepção do ciclo hidrológico, e só foi aceita como disciplina específica em fins do século XIX, embora os antigos egípcios já ensaiassem o controle das cheias do Rio Nilo, a cerca de 3000 anos antes de Cristo.
No entanto, o ritmo acelerado de desmatamentos das últimas décadas, e o crescimento urbano e industrial, que necessita sempre de mais água, vem alterando esse ciclo hidrológico. Estudos da ONU mostraram que o desmatamento e o pastoreio excessivo diminuem a capacidade do solo em atuar como uma grande esponja, absorvendo águas das chuvas e liberando seus conteúdos lentamente. Na ausência de coberturas vegetais, e com solos compactados, a tendência das chuvas é escorrer pela superfície e escoar rapidamente pelos cursos de água, o que traz como conseqüência as inundações, aceleração no processo de erosão e diminuição das estabilidade dos cursos de água, que ficam diminuídos fora do período de cheias, comprometendo assim a agricultura e a pesca. Não faltam sinal de escassez de água doce. O nível dos lençóis freáticos baixa constantemente, muitos lagos encolhem e pântanos secam. Na agricultura, na indústria e na vida doméstica, as necessidades de água não param de aumentar, paralelamente ao crescimento demográfico e ao aumento nos padrões de vida, que multiplicam o uso da água. Nos anos 50, por exemplo, a demanda de água por pessoa era de 400 m3 por ano, em média no planeta, ao passo que hoje essa demanda já é de 800 m3 por indivíduo. Em países cada vez mais populosos, ou com carência em recursos hídricos, já se atingiu o limite de utilização de água. Constatou-se que atualmente 26 países, a maioria situada no continente africano, totalizando 235 milhões de pessoas, sofrem de escassez de água. As outras regiões do mundo também não são poupadas. Sintomas de crises já se manifestam em países que dispõem de boas reservas. Nos locais onde o nível de bombeamento (extração) das águas subterrâneas é mais intenso que sua renovação natural, se constata um rebaixamento do nível de lençóis freáticos, que, por esse motivo, exigem maiores investimentos para serem explorados e ao mesmo tempo vão se tornando mais salinos.


Ciclo da água.
Foto por desconhecido.
http://www.saojosedoscampos.com.br
Ciclo da água
http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Agua01.html

Lapis feitos de jornal velho

Em vez de madeira esses lápis são feitos de jornais velhos

Desmatamento e produção de lixo, dois grandes problemas ambientais da atualidade. Pensando em minimizá-los uma empresa americana decidiu criar lápis, a partir de jornais velhos em uma técnica que não leva nenhum poluente.
Fonte: TreeSmart
A primeira parte da produção do lápis da TreeSmart é recolher os jornais velhos, que depois são cortados e misturados com uma solução não tóxica para posteriormente serem enrolados com o grafite, no processo muitas árvores são poupadas e folhas de jornais impedidas de ir para o lixo.
Fonte: TreeSmart
Infelizmente não há nenhuma loja ainda no Brasil, mas o produto pode ser comprado online no site da empresa em diversas embalagens e preços, o pacote com 24 lápis, por exemplo, custa US$8,00.

Estudo aponta desmatamento e trabalho escravo na produção do aço


Cadeias Produtivas

por Rogério Ferro, da equipe Akatu

Cadeia produtiva se inicia com a fabricação da matéria prima do metal na Amazônia e termina com a confecção de automóveis e eletrodomésticos
A cadeia produtiva de parte do aço proveniente da Amazônia brasileira e usado na fabricação de carros, geladeiras, computadores entre outros bens de consumo é insustentável. Ela começa com o desmatamento de áreas protegidas para a extração da madeira transformada em carvão vegetal que, por sua vez, abastece os fornos das siderúrgicas que produzem o ferro-gusa, matéria prima do aço. O processo inclui também a exploração do trabalho escravo.

Esta é a principal conclusão do levantamento “O Aço da Devastação”, realizado pelo Instituto Observatório Social (IOS), uma ONG ligada ao Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado na quarta-feira (22/6), em São Paulo.

“Informações como estas enriquecem as ferramentas disponíveis ao consumidor consciente na hora de escolher os fornecedores de quem comprar determinado produto, premiando as socialmente responsáveis e punindo aquelas que têm, em sua cadeia produtiva, práticas insustentáveis”, declara Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.

A cadeia produtiva suja é um risco para qualquer negócio, já que a busca pelas informações dos processos produtivos tem crescido na sociedade – as ações de preservação ambiental são consideradas prioritárias por 65% dos consumidores brasileiros de acordo com a pesquisa Akatu – 2010. Segundo o procurador da República do Ministério Público Federal de Marabá, no Pará, Tiago Rabelo, se as empresas não se ajustarem, a próxima medida será enviar uma carta aos compradores internacionais. “Solicitaremos que eles suspendam a importação do ferro dessas siderúrgicas.”

“A cobrança crescente deve ter efeitos benéficos. Se o setor banir essas práticas prejudiciais, além de reduzir o desmatamento irregular e melhorar as condições de trabalho, também pode aumentar a competitividade”, explica Mattar.

Atualmente, a iniciativa “Conexões Sustentáveis: São Paulo – Amazônia”, que busca mobilizar as cadeias de valor dos setores da pecuária, da madeira e da soja por meio de pactos setoriais para a preservação da Floresta Amazônica e seus povos, é a principal ferramenta online à disposição do consumidor final para conhecer seus signatários. Ou seja, empresas, fornecedores e entidades civis e governamentais que se comprometeram a financiar, distribuir e comercializar produtos com certificação (ou que estejam em processo de regularização) e provenientes de fornecedores com cadeias produtivas limpas.

O Cadastro de Empregadores Flagrados Explorando Trabalhadores na Condição Análoga à de Escravos, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Lista Suja do Trabalho Escravo, um sistema de busca facilitado desenvolvido pela Organização Internacional de Trabalho, o Instituto Ethos e a ONG Repórter Brasil, são as principais ferramentas disponíveis ao consumidor final, para que este identifique empregadores com trabalho escravo na sua cadeia produtiva.

O Estudo
O estudo mostra pela primeira vez quanto do carvão vegetal vem de desmatamentos ilegais ou foi produzido em condições desumanas: pelo menos quatro das 16 principais siderúrgicas na Amazônia usam carvão de origem não explicada.

O relatório ressalta que nem todo aço vem do desmatamento. Parte das siderúrgicas brasileiras, principalmente as do Sul e do Sudeste, usa carvão mineral, extraído de minas fora do Brasil. E mesmo as siderúrgicas que usam carvão vegetal se abastecem em parte com material proveniente de plantações de pinheiro e eucalipto, ou mesmo de desmatamentos legais. O problema é saber quem trabalha com carvão de origem irregular.

Foi o que fez o coordenador do estudo, o jornalista e pesquisador Marques Casara, do IOS. Ele investigou a procedência do carvão usado pelas maiores siderúrgicas produtoras de ferro-gusa na Amazônia. Oito delas são associadas ao Instituto Carvão Cidadão (ICC), órgão criado pelas próprias empresas em 2004 para fiscalizar as carvoarias. Casara obteve a lista de fornecedores de carvão de cada siderúrgica, em 2010 no ICC e estimou quanto carvão esses fornecedores poderiam produzir no máximo com seus fornos. Em seguida, cruzou os dados com a produção real das siderúrgicas. Das oito associadas ao ICC, apenas quatro siderúrgicas poderiam atender a sua demanda com os fornecedores cadastrados. A outra metade produzia mais em 2010 do que seria possível usando apenas carvão dos fornos registrados.

A diferença, segundo Casara, pode ser explicada por carvão de origem irregular. "Checamos quanto ferro-gusa é possível produzir com aquela quantidade de carvão. Nós usamos como base o relatório oficial das auditorias do ICC até dezembro de 2010, depois cruzamos com a quantidade de gusa vendida no mercado", diz Casara. “Parte deles usa madeira de origem clandestina para abastecer seus fornos e, além disso, mesmo entre os fornecedores cadastrados pode haver carvão ilegal”.

Direitos humanos e trabalho escravo
"Na Amazônia, o trabalho escravo, o trabalho infantil e até mortes decorrentes de conflito de interesses são recorrentes. Os trabalhadores sofrem de doenças pulmonares graves causadas pela falta de material de proteção pelas jornadas extenuantes de trabalho”, diz o advogado Sergio Martins, coordenador da Sociedade Paraense de Direitos Humanos.

No último dia 24 de maio, o município de Nova Ipixuna, no Pará, ganhou notoriedade nacional devido ao assassinato do líder ambientalista José Cláudio Ribeiro, e de sua mulher, Maria do Espírito Santo. Depois de diversas denúncias de trabalho escravo e devastação florestal em carvoarias clandestinas da região, o casal foi morto em uma tocaia. A Polícia Federal desconfia que o crime tenha sido encomendado e investiga o caso.

Ibama: “as siderúrgicas sabem do carvão ilegal”
Segundo Casara, a indústria de ferro-gusa entraria em colapso se todo o processo fosse dentro das normas internacionais e das leis ambientais. "Se o uso de madeira ilegal nas carvoarias fosse interrompido, a produção de ferro-gusa entraria em colapso. Isso aconteceria também em Minas Gerais e Mato Grosso".
“As siderúrgicas sabem do carvão ilegal”, afirma o diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), Luciano Menezes Evaristo. “Pela legislação, as siderúrgicas deveriam plantar suas florestas para produzir carvão, mas elas não cumprem a lei e estão acabando com a Amazônia.”

Evaristo aponta dados do Ibama que indicam que só em Nova Ipixuna, no Pará, desde março deste ano, o Ibama fechou nove serrarias que fornecem madeira para as carvoarias, destruiu 120 fornos e aplicou R$ 2,8 milhões em multas. No ano passado, o órgão havia fechado sete serrarias na região.

“O relatório compila informações que já tínhamos”, disse o procurador Rabelo, que também teve acesso ao documento. “O passo agora é abrir uma ação civil pública para apurar essas denúncias e punir as empresas.”

Lei proibe a distribuiçao de sacolas plasticas em BH

Mudança de hábito do consumidor é fundamental para o sucesso da lei prevê multa e até interdição de licença para varejistas que descumprirem a norma


Está em vigor desde segunda-feira (18/04), a lei municipal que proíbe o comércio de Belo Horizonte (MG) de distribuir as tradicionais sacolinhas plásticas descartáveis feitas a partir de derivados do petróleo. Lojas, padarias, supermercados, drogarias, e outros pontos de varejo da cidade, devem adotar soluções de embalagem de mercadorias que gerem menos impactos ambientais, como as sacolas plásticas biodegradáveis, as retornáveis duráveis de pano, de palha e ráfia, além de caixas de papelão e carrinhos.

O Instituto Akatu orienta os consumidores para o consumo consciente de sacolas plásticas descartáveis. Isso não significa deixar de usá-las, mas sim reduzir, reutilizar e descartar adequadamente o material quando já não tiver condições de uso, encaminhando-o para a reciclagem. Adotando esse comportamento, o consumidor contribui para a diminuição do volume de lixo em aterros sanitários, já que o plástico leva mais de 400 anos para se decompor na natureza.

Por outro lado, por ser fabricado a partir do petróleo, a redução do uso do material contribui para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, que causam aquecimento global. Além disso, quando descartado de forma incorreta, as sacolas plásticas degradam a biodiversidade de rios, lagos e mares. No meio urbano, entopem bueiros e galarias pluviais e contribuem para enchentes e inundações.

Em Belo Horizonte, com a entrada em vigor da nova lei, os consumidores têm a opção de, na hora da compra pagar por sacolas plásticas biodegradáveis, com selo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou as retornáveis de pano, ao custo de R$ 0,19 e R$ 2,00, respectivamente. Durante a campanha de conscientização, a prefeitura local, incentivou os moradores a comprarem e a reutilizarem este tipo de sacolas. Caixas de papelão – que são oferecidos gratuitamente por alguns lojistas e carrinhos também estão entre as alternativas adotadas na cidade.

Segundo uma pesquisa do Ministério do Meio Ambiente (MMA),
60% da população urbana apoia o fim do uso de sacolas plásticas no Brasil.


Muitos consumidores alegam preferir as sacolas descartáveis porque elas servem para o acondicionamento de lixo dentro de casa. No entanto, existem alternativas que geram menos impactos negativos na natureza. Clique aqui para ver uma delas e fique à vontade para repassar a amigos e familiares ou divulgar em suas redes sociais.

A Lei
A determinação de abolir a distribuição de sacolas plásticas descartáveis feitas a partir do petróleo em Belo Horizonte é garantida pela Lei Municipal 9.529 / 2008, regulamentada pelo decreto número 14.367, publicado em 12 de abril deste ano. Aprovada em fevereiro de 2008, os comerciantes tiveram mais de três anos para se adaptar. No dia 1º de março de 2010, quando a lei deveria entrar em vigor, a prefeitura adiou por 45 dias a aplicação de multa para os que não cumprirem a determinação. Durante este prazo, foi realizada uma campanha educativa para informar aos consumidores sobre as determinações da lei para que eles se adaptassem.

Por meio de nota, a Associação Mineira dos Supermercados informou que o setor está preparado para a mudança. Para o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas), que representam os comerciantes menores, este prazo não foi suficiente. De acordo com o presidente do Sindilojas, Nadim Donato, eles precisam de mais tempo para retirar as sacolas do estoque. “Nós precisamos ainda tirar nossas sacolas que são os estoques remanescentes. Para isso, nós precisamos até o fim do ano, que é um prazo ideal para ir acabando com o estoque” completou.

A Prefeitura de Belo Horizonte descarta a possibilidade de adiar o prazo. De acordo com o Secretário Municipal de Serviços Urbanos, Pier Senesi Filho, o projeto está bem maduro. “Outro prazo não seria condizente com a realidade da cidade”, disse.

Multa
Os estabelecimentos que continuarem a distribuição do material serão multados em mil reais e o valor será aplicado em dobro em caso de reincidência. Caso a irregularidade persista, o estabelecimento poderá ser interditado e ter o alvará de funcionamento cassado.
A prefeitura afirma que colocou mais de 100 funcionários nas ruas da cidade para fazerem a fiscalização dos estabelecimentos. Os fiscais trabalham equipados com coletes azuis.

Fonte: http://www.akatu.org.br/Temas/Residuos/Posts/Esta-valendo-lei-que-proibe-distribuir-sacolas-plasticas-em-BH